segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Pés descalços

Estava refletindo sobre meu estilo de vida e sobre uma 'frieira' que saiu entre meus dedos do pé, quando lembrei-me de algumas imagens do passado.  A primeira foi do Jéca Tatú, personagem de Monteiro Lobato, um autor brasileiro de outrora.

Quando nos meus 12 anos, mais ou menos, eu andava muito sem calçado. Eram comum os machucados quando voltava do sítio da minha avó, bem como algumas frieiras entre os dedos. Sem reclamação, era difícil colocar o calçado para ir à escola, na segunda-feira.  Na sexta já estavam curados e tudo pronto para recomeçar.
Mas também não havia limites para nós (eu e os primos Ulisses e Hugo).  Andávamos por todo o lugar durante o final de semana, seja nos gramados, na estrada, na róça (lugar de plantação), nos matos, nas árvores, nos córregos, nas grotas, no barro e era comum pisarmos sobre uma bosta de vaca (estrume/ela deixa uma pasta arredondada, parecendo um bolo), e também sobre cavalos e éguas.  Difícil imaginar isso nos dias de hoje.
Na minha vida vi muitas pessoas descalças, com o calcanhar rachado. Aqueles pés só viam uma botina quando iam para a cidade.  Ainda deve ter alguém assim por esse Brasil afora, lá pelos rincões do interior.
Agora, na fase adulta, depois de dois anos morando em uma área rural,apareceu uma frieira ao lado do dedinho do pé direito, mas foi por andar calçado.   Isso me fez lembrar de tudo o que vai acima e mais um pouco.  Aqui tenho muito o que temer, a começar pelas gripas de pinheiro (Araucária), pelas rosetas na grama, as jararacas e urutus, sem falar nos estrepes e bichos-de-pé. Também a enxada que pode cortar.  Assim, se não estou de tênis, estou com bota ou sapato.  Uma sandália havaiana só no verão.
Como mudei.... não foi só na casca.  Preciso retomar alguns hábitos!