domingo, 30 de maio de 2010

Um assunto que não querem falar... Isso é agricultura, ainda que na Bolívia...


Estranhamente ou não, o assunto da "coca" Boliviana não decola na imprensa. Por que ? Gostei muito da postura da José Serra com relação a isso, pois afeta diretamente a vida de pessoas que estão ao nosso redor. É vergonhosa a postura do nosso governo com relação à produção de coca na Bolívia, uma vez que 2 a 3% do que produzem é suficiente para eles manterem o hábito de mascar a maldita folha... Isso não é intromissão na soberania do estado, mas parceria, diplomacia, comércio... O povo Brasileiro precisa saber disso.

A revista Veja dessa semana traz excelente reportagem; trago abaixo um post do jornalista Reinaldo Azevedo, também da Veja:

O DEVER DO JORNALISMO
BNDES FINANCIA ESTRADA NA BOLÍVIA QUE FACILITA O TRÁFICO DE COCAÍNA PARA O BRASIL
sábado, 29 de maio de 2010 | 7:05

Evo e aquele colar que Lula já pôs no pescoço: Serra pôs o dedo na ferida; crítica foi até moderada perto do que faz o governo boliviano. Mas Lula, Dilma, Marco Aurélio, Dirceu e o ministro Oscar Coca (!!!) não gostaram...

Depois que José Serra apontou o governo da Bolívia de conivência com o tráfico de cocaína para o Brasil, a reação de certa imprensa se limitou ao “outro-ladismo”:

Falou o governo da Bolívia — para atacar Serra;
falou Marco Aurélio Garcia — para atacar Serra;
falou Dilma Rousseff — para atacar Serra;
falou até, imaginem só!, José Dirceu, um chefe de quadrilha, segundo a Procuradoria Geral da República — para atacar Serra,
é claro! Afinal de contas, o pré-candidato tucano à Presidência teve só um surto de irresponsabilidade, ou o que ele diz faz sentido?
Bem, o que ele afirmou chega a ser tímido. E um tanto incompleto:
A CUMPLICIDADE SE ESTENDE AO GOVERNO BRASILEIRO. E VOCÊS VERÃO POR QUÊ.

Lula com Evo, que pregou nesta sexta o fim do capitalismo: "Vamos fazer inveja a Serra", disse o brasileiro...

Reportagem de Duda Teixeira e Fernando Barros de Mello, na VEJA desta semana, evidencia os detalhes da cumplicidade do governo boliviano com a produção e tráfico de cocaína — íntegra para assinantes aqui. Mas faltava ver a coisa também na ponta de cá. Leiam este trecho da reportagem:

(…)
Com o auxílio do dinheiro dos contribuintes brasileiros, ficará ainda mais fácil para os traficantes colocar cocaína e crack nas ruas das nossas cidades. Em agosto do ano passado, na Bolívia, o presidente Lula, enfeitado com um colar de folhas de coca, prometeu um empréstimo de 332 milhões de dólares do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a rodovia Villa Tunari-San Ignacio de Moxos. Na ocasião, a segurança de Lula não foi feita por policiais, mas por centenas de cocaleiros armados com bastões envoltos em esparadrapo. Com 60 000 habitantes, a cidade de Villa Tunari é o principal centro urbano de Chapare. A rodovia, apelidada pelos bolivianos de “estrada da coca”, cruzará as áreas de cultivo da planta e, teoricamente, deveria fazer parte de um corredor bioceânico ligando o porto chileno de Iquique, no Pacífico, ao Atlântico. Como só garantiu financiamento para o trecho cocaleiro, a curto prazo a estrada vai favorecer principalmente o transporte de cocaína para o Brasil. O próprio BNDES não aponta um objetivo estratégico para a obra, apenas a intenção de “financiar as exportações de bens e serviços brasileiros que serão utilizados na construção da rodovia, tendo como principal benefício a geração de empregos e renda no Brasil”. Traduzindo: emprestar dinheiro para a obra vai fazer com que insumos como máquinas ou asfalto sejam comprados no Brasil. O mesmo efeito econômico, contudo, seria atingido se o financiamento fosse para uma obra em território nacional.

Na Bolívia, suspeita-se que o financiamento do BNDES seja uma maneira de conferir contratos vantajosos a construtoras brasileiras sem fiscalização rigorosa. Os promotores bolivianos investigam um superfaturamento de 215 milhões de dólares na transcocaleira. “Essa rodovia custou o dobro do que seria razoável e não tem licenças ambientais. Seu objetivo é expandir a fronteira agrícola dos plantadores de coca”, diz José María Bakovic, ex-presidente do extinto Serviço Nacional de Caminhos, órgão que administrava as rodovias bolivianas. Desde que Morales foi eleito, Bakovic já foi preso duas vezes por denunciar irregularidades em obras públicas. As mães brasileiras não são as únicas que sofrem com a amizade do governo brasileiro com Morales.

As provas da ajuda de Evo Morales ao narcotráfico

* Depois da eleição de Morales, a produção de cocaína e pasta de coca na Bolívia cresceu 41%
* A quantidade de cocaína que entra no Brasil pela fronteira com a Bolívia aumentou 200%
* Morales é presidente de seis associações de cocaleiros da região do Chapare, seu reduto eleitoral
* Ele quer ampliar a área de cultivo de coca para 21 000 hectares. Para atender ao consumo tradicional, como o uso da folha em chás e cosméticos, basta um terço disso
* Expulsou a DEA, agência antidrogas americana, que dava apoio à polícia boliviana no combate ao tráfico
* A pedido dos cocaleiros, Morales acabou com o projeto que ajudava agricultores a substituir a coca por plantações de banana, melão, café e cacau



Por Reinaldo Azevedo

terça-feira, 25 de maio de 2010

texto sobre agricultura / agricultores

Tem coisa que é bom ler de quem entende bem do assunto. Duas referências: senadora Kátia de Abreu e o repórter Reinaldo Azevedo - duas boas fontes - segue:

A ESQUERDA NÃO QUER A REFORMA AGRÁRIA
terça-feira, 25 de maio de 2010 | 15:59

Está em curso no Brasil o que parece ser uma certa repulsa à política. Falarei a respeito com mais vagar em outros textos. Uma das características desse processo é o que chamo de fala “obscuramente progressista” dos políticos. Quase todos fazem mais ou menos o mesmo e pastoso discurso, que converge sempre para um certo “centro”, sem que a gente nem mesmo entenda de que diabos estão falando.

A senadora Kátia Abreu (DEM-TO) está no grupo divergente, que não segue a manada. Não porque, como acusam alguns, seja de “direita” - o que nem é verdade -, mas porque fala com clareza. Tem o bom hábito — que alguns detestam por razões óbvias — de chamar as coisas pelo nome que as coisas têm.

O Estadão de hoje (25/maio/10) traz um artigo seu intitulado justamente
“A esquerda não quer a reforma agrária”.
Segue a íntegra do texto da senadora, também presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil.
*

Nada obsta mais a reforma agrária no Brasil que a manipulação político-partidária que dela se faz. A estratégia criminosa de invasões de terras é a ponta de lança desse processo. Transforma o produtor rural em vilão e o invasor em vítima, numa espantosa inversão de valores. A entidade que tudo patrocina, o Movimento dos Sem-Terra (MST), inexiste juridicamente, o que impede reparações judiciais.

O governo, que deveria garantir a segurança dos contribuintes, faz vista grossa, emite declarações simpáticas aos invasores e chega ao requinte de produzir um decreto, o PNDH-3, em que os considera parte a ser ouvida antes de o invadido recorrer à Justiça para reclamar a reintegração de posse. Pior: financia os invasores, via ONGs constituídas com a única finalidade de gerir uma entidade abstrata, embora concreta em seu objetivo predatório. Acumulam-se aí ilícitos: além da invasão, há o ato irregular governamental, denunciado pelo ministro Gilmar Mendes, do STF, de financiar entidades que burlam a lei.

Quanto já foi gasto - sabe-se que são centenas de milhões de reais - a pretexto da reforma agrária, em dinheiro repassado a essas ONGs? E o que de concreto foi feito para realizá-la? Qual a produtividade dos assentamentos do MST? São perguntas sem resposta, que justificaram a instalação de uma CPI mista no Congresso Nacional, sistematicamente sabotada pela maioria governista.

Em vez de respondê-las, os agentes partidários, travestidos de funcionários públicos, empenham-se em difundir a infâmia de que a maioria dos produtores rurais ou é predadora do meio ambiente ou escravagista. A manipulação de causas contra as quais ninguém, na essência, se opõe é um dos truques de que se vale uma certa esquerda fundamentalista, adversária da livre-iniciativa, para manter como reféns os produtores rurais, difamando-os.

Nenhuma pessoa de bem - e a imensa maioria dos produtores rurais o é - é a favor do trabalho escravo ou da destruição do meio ambiente. Mas isso não significa que concorde com qualquer proposta que se apresente a pretexto de defender tais postulados. Não basta pôr na lei punições contra o “trabalho degradante”. É preciso que se defina o que é e o que o configura concretamente, princípio elementar da técnica jurídica.

A lei não pode ser meramente adjetiva, o que a torna, por extensão, subjetiva, permitindo que seja aplicada conforme o critério pessoal do agente público.
Foi esse o ponto que me fez, como deputada federal e depois como senadora, exigir emendas a uma proposta legislativa de punição por trabalho escravo. Não o defendo e o considero uma abjeção inominável. Quem o promove deve ser preso e submetido aos rigores da lei, sem exceção, sem complacência.
Mas tão absurdo e repugnante quanto o trabalho escravo é manipulá-lo com fins ideológicos.

O que se quer é o fim da livre-iniciativa no meio rural, pela sabotagem ao agronegócio, hoje o segmento da economia que mais contribui para o superávit da balança comercial do País.

A fiscalização das propriedades rurais está regulada pela Norma Regulamentar n.º 31 do Ministério do Trabalho (MT), que tem 252 itens e desce a detalhes absurdos, como estabelecer a espessura do pé do beliche e do colchão.

Afirmei, em razão desses excessos, ser impossível cumpri-la em sua totalidade e que havia sido concebida exatamente com essa finalidade. Tanto bastou para que fosse acusada de defender o trabalho escravo, recusando-me a cumprir práticas elementares, como o fornecimento de água potável e condições básicas de higiene. Desonestidade intelectual pura.

A Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), que presido, tem sido bem mais eficaz que o Estado na fiscalização trabalhista nas propriedades rurais.
Basta conferir os números: os grupos móveis de fiscalização do MT percorreram, em sete anos - de 2003 até hoje -, 1.800 fazendas. A CNA, em 90 dias, percorreu mil fazendas e já está promovendo o circuito de retorno, para averiguar as providências tomadas.

A CNA, com o objetivo de aprimorar o trabalho no meio rural, vai criar um selo social - uma espécie de ISO 9000 trabalhista - para qualificar as propriedades-modelo, qualificando também sua produção. Esse selo indicará não só zelo social, mas respeito ao meio ambiente e adoção de práticas produtivas adequadas. Não queremos responder às injúrias com injúrias, mas com demonstrações concretas de nosso empenho em contribuir para o desenvolvimento econômico e social do País.

É preciso que se saiba que 80% dos produtores rurais brasileiros são de pequeno e médio portes e não suportam economicamente esse tipo de sabotagem, que se insere no rol de crimes contra o patrimônio, de que as invasões de terras são a ponta de lança.

Em quase todos os casos, os enquadrados como escravagistas não são processados. E por um motivo simples: não o são. As autuações trabalhistas que apontam prática de trabalho escravo são insuficientes para levar o Ministério Público a oferecer denúncias pela prática de infrações criminais. O resultado é que, enquanto isso não ocorre, o produtor tachado de escravagista fica impedido de prosseguir em seu negócio e acaba falido ou tendo de abrir mão de sua propriedade. A agressão, como se vê, não é somente contra o grande proprietário, mas também contra a agricultura familiar, cuja defesa é o pretexto de que se valem os invasores e difamadores.

Diante disso tudo, não hesito em afirmar que se hoje o processo de reforma agrária não avança no País a responsabilidade é dessa esquerda fundamentalista, que manobra o MST, consome verbas milionárias do Estado e proclama a criminalização dos movimentos sociais. Não há criminalização: há crimes, com autoria explícita. O MST, braço rural do PT, não quer a reforma agrária, mas sim a tensão agrária, de preferência com cadáveres em seu caminho, de modo a dar substância emocional a um discurso retrógrado e decadente. Reforma agrária não é postulado ideológico, é imperativo do desenvolvimento sustentado. Por isso a CNA a apoia. Por isso o MST e a esquerda fundamentalista não a querem.

fonte:
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/

Eu:
temos visto os olhos vendados do governo federal para o abuso do MST. Não existe Polícia Federal para eles. Eles o fazem como um método e eu não entendo pois é querer matar a galinha que produz ovos, ao invés de colher os ovos e cuidar dela. Não tem sentido a esquerda (principalmente PT-Lula) apoiar tamanha cafajestice, onde proprietários são dolorosamente penalizados; empresa de pesquisa agredida sem o mínimo de respeito à uma entidade devidamente registrada. O MST nem sequer é registrado, não tem cnpj. Vive às custas de ongs e do Inra. Isso é um caso de POLÌCIA. O Stedile e os outros deveriam estar atrás das grades. Há caminhos para se questionar algo numa demoracia; esse caminho é a LEI. Respeitem a LEI. Respeitem os agricultores, invistam na produção agrícola e na infra-estrutura. Invistam na educação dos seus filhos para que não migrem ilusoriamente para a grande cidade. Nossa vocação está no campo e em produzir comida para o mundo. Não precisamos de mais leis, mas de pessoas de bom caráter e idôneas no bem público.